Hierarquia Cômica

Estes e-mails que recebo da coordenação me faz pensar que, de fato, o que vem debaixo não me atinge. Mas o que vem de cima, em compensação, deveria cair feito tonela em cima da minha cabeça. No começo caia mesmo, mas depois eu fiquei esperta (será?) e passei a desviar. E neste jogo de cintura, não é que a coisa toda começou a cair na cabeça dos alunos?

Então eu proponho que se inverta. Quer dizer, o que sobraria de tudo isso, se os alunos também passassem a desviar? Porque quando a coisa bate no dinheiro, reflete. Sobe em vez de descer e o que viria debaixo passaria a incomodar. O aluno aqueceria a bunda do professor (nos casos em que o professor é relapso, claro!). O professor, então, faria esquetar a bunda do coordenador; e este do diretor; e este do reitor. E tudo ia ficar tão quente, mas tão quente, que todos seriam obrigados a tirar a bunda da cadeira, para sobreviverem. Todos mesmo, inclusive os alunos. Tá, e os professores. Os coordenadores, os diretores, os reitores.

Sei que incluo neste pacote de bundões alguns bons alunos, excelentes até. Alguns bons professores, bons coordenadores, bons diretores, bons reitores. Excelentes, inclusive. Sempre tem gente, uma minoria, que pensa diferente do é "assim mesmo" e fazem mais, muito mais do que ficar com sua bunda grudada na cadeira. A estes eu sugiro que andem com uns espetos bem afiados para estarem sempre aptos a darem agulhadas em quem for preciso: nos colegas alunos, nos colegas professores, nos colegas diretores, nos colegas reitores. Em quem está em cima, em quem está embaixo.

Mas estes, que não são bobos nem nada, não querem queimar o filme, e seguem no limite. Ficam, como eu, entristecidos por não conseguirem fazer mais. Ou por não saberem como poderiam fazer mais. E tudo volta para as mãos dos alunos. A idéia de criar um Centro Acadêmico, a idéia de serem reconhecidos, de se tornarem líderes é mesmo muito bacana. Daí os professores teriam que fazer mais do que fazem, e os coordenadores também. Os diretores e os reitores.

Então a gente descobriria que o povo também poderia fazer mais, porque eles são a grande maioria. O que vem debaixo poderia subir tanto e espetar tanto que seria uma loucura maravilhosa. E tudo isso só porque não seria mais preciso acreditar que "é assim mesmo, o país".