Como entrar na Pós-Graduação?

Sempre tem aluno me pedindo ajuda para entrar no mestrado, ou querendo entender como é o processo que vai até o pós-doutorado ou aquele que caminha para a livre-docência. Tá, chegamos num ponto importante: mestrado, doutorado e pós-doutorado é pra quem quer seguir carreira acadêmica. Isto significa que se você quer trabalhar fora da universidade faça uma especialização e esqueça este "post" aqui, que não lhe será mais útil.

Também é importante assinalar que não é necessário fazer especialização para entrar no mestrado, embora isso ajude. Dando nome aos bois, a especialização é a tal da pós-graduação lato-sensu e o mestrado e o doutorado pertencem à uma pós-graduação chamada stricto-sensu e é por isso que uma coisa não tem a ver com outra. E também é importante dizer que tem muito curso de doutorado, cursos legalizados diga-se em passagem, em que se consegue acesso mesmo sem ter feito um mestrado anteriormente (e é claro que este sempre ajuda). Mas, resumindo, cada programa de pós-graduação cria suas próprias regras. Basta saber se queremos aceitá-las ou não. Ainda é preciso salientar que estas regras, muitas vezes, mudam ao deus-dará e é bom a gente sempre ficar esperto.

Então depois do mestrado, depois do doutorado e depois do pós-doutorado (ou mesmo sem esse, ou mesmo antes desse, não sei direito), depois de tudo isso os professores ainda poderão prestar um concurso (que eu não sei bem como funciona) para se tornarem docentes livres (de quê eu também ainda não descobri, porque tem o CNPq, a CAPES, o MEC, um monte de gente controlando a vida dos professores). E só para já assinar aquilo que não sei, também não sei se é possível ser livre-docente fora da universidade pública ou se há um critério especifico que define quais cursos em quais universidades podem oferecer tais concursos.

Ok, vamos ao que interessa. Se você já se graduou e está um tempo fora da universidade, trabalhando feito um camelo e sem tempo, eu recomendo que entre primeiro em um bom curso de especialização na sua área de interesse, e que este seja oferecido por alguma universidade pública que tenha um programa de mestrado, óbvio. Isso o aproximará dos professores e te fará conhecido. Não se esqueça de que para fazer mestrado ou doutorado você precisará achar um professor orientador DOUTOR (então eu não estou nessa!) que tenha uma linha de pesquisa da qual você gosta e que tenha a ver com você, e é por isso que é importante você traçar um bom plano antes de se aventurar em qualquer pós-graduação. Note que traçar um bom plano significa você escolher freqüentar os locais acadêmicos que tenham a ver com o que você pretende estudar.

Agora suponha que você tem certeza de que quer ser professor universitário e decidiu investir na carreira ainda na graduação, ou pelo menos toma esta como uma possibilidade assim que se formar. Quer dizer, suponha que você, que não é bobo nem nada, resolveu pular a etapa da especialização já que ela ajuda mas não é pré-requisito para o mestrado. E também suponha que você tem tempo disponível porque, além de freqüentar o seu curso de graduação você terá que se desdobrar em 2 e passar a freqüentar previamente o local que você escolheu para fazer seu mestrado. Claro que ajuda muito se você já estiver fazendo graduação no lugar em que escolheu para fazer a pós-graduação. Neste último caso, os professores já te conhecem e já sabem mais ou menos que pito você toca. O problema é que qualquer deslise seu na graduação pode lhe custar a pós. Já aqueles que fazem ou fizeram uma graduação em outro lugar (cujos deslises prévios deixarão de importar, a não ser que tenha sido algo extremamente grotesco e este algo tenha proporcionalmente ganhado o ambiente acadêmico) terão que percorrer um caminho mais longo para provarem, e a custa de muito esforço, que serão bons orientandos no futuro, que serão os melhores.

É claro que tem uma parte do processo seletivo que é documental, publicada em edital e tudo o mais. Daí cada programa de pós-graduação estabelece seus critérios. Quer dizer, tem programa em que o candidato tem que apresentar proficiência em inglês logo de cara. Têm outros que não. Têm programas que aceitam qualquer idioma estrangeiro, têm outros que não. Tem programa (a maioria) que exige de você uma prova de conhecimentos gerais (e aí fica mais fácil para quem fez graduação na mesma universidade porque este já sabe mais ou menos o que os professores - aqueles que vão corrigir a prova - pensam e também porque já leram a maioria dos livros que são indicados na bibliografia - sim, existe uma bilbiografia que deve ser estudada para que se possa fazer tal prova e cujos livros selecionados, coincidência ou não, são aqueles que os professores usam de referência nas suas aulas para a graduação, o que incluem os livros em eles próprios são os autores, claro). De qualquer forma, todos os programas pedem um currículo e um projeto de pesquisa nestas etapas classificatórias.

O fato é que se você conseguir passar por tudo isso, pela prova de língua estrangeira, pela prova de conhecimentos gerais, pelo currículo e pelo projeto de pesquisa, você ainda terá que enfrentar uma tal de uma entrevista com uma banca de professores prontos para te testar e saber qual é a sua. É quando você pode se queimar de vez e ficar sem a tão sonhada vaga. Mas eu sei que, com você, vai ser diferente. Pelo menos é o que eu espero!