Sexta-Feira

Ontem, sexta-feira, dia de acordar cedo. Dia de ficar das 7:30 às 11:00hs em pé, na quadra. Depois eu iria calmamente até os correios, enviar o projeto de doutorado, a ficha de inscrição, o currículo, estas coisas. Sedex. Mais uma vez minha vida num pacote dos correios. Então às 7:29 encontro o coordenador. Vem logo me dizendo que depois da aula eu teria que ficar com os alunos no teatro porque eles iriam ensaiar a abertura da Semana de Educação Física. E eu me via deixando o almoço e minha vida para depois das 13.

Então eu estava lá, no teatro, sentada, olhando. Apenas olhando. Donos da situação, eles opinavam, debatiam, solucionavam. Mais uma vez eu me dei conta de que este modelo de ensino está errado, que o professor pouco ensina quando está falando sem parar, como um papagaio. São os alunos que devem ser os donos da situação. Devem debater. Pesquisar coisas para solucionar problemas. Tentar. E nós, professores, auxiliaríamos, colocaríamos novos problemas, instigaríamos novos debates para que cada aluno pudesse se envolver ao seu modo.

Eu, na quadra, de pé, falando "façam isso, façam aquilo", acaba sempre por me angustiar. Mas eu ali, sentada, olhando, ajudando vez ou outra (menos do que mais), colocava-me onde eu sempre quis estar como professora. Eu no lugar de objeto, meus alunos no lugar de sujeito, e não o contrário. Eles, donos da situação, que bonito de se ver. Então eu estou aqui para dizer que, sim, eu estarei lá no dia da abertura da Semana de Educação Física (vou acordar cedo e tudo mais) e, depois, para agradecê-los por fazerem parte da minha vida e também para dizer que dará tudo certo no final, principalmente pra quem merece.