Mercantilismo Acadêmico

Que é péssimo o salário dos professores, todos sabemos. Que há um mercantilismo em torno da produção de trabalhos acadêmicos, inclusive dissertações de mestrado e teses de doutorado, também. Mas este comércio não paga tão ruim assim, principalmente para quem sabe a fórmula de como escrever um trabalho científico do tipo: "segundo fulano de tal", "para beltrano", "de acordo com cicrano" (e ninguém nunca vai contra, já repararam?). De um parágrafo copiado para outro, um eixo em comum. É fácil como dois e dois são quatro. Acho que aluno tem preguiça de fazer porque talvez o aluno ainda acredite que seja algo que tem que pensar muito, porque escrever requer pensamentos e não cópias. Então ele faz a opção por comprar. De 300 a 600 reais um trabalho de graduação. Cerca de 1000 reais para a especialização e 2000 para o mestrado. É barato para o aluno e um bom dinheiro para quem fez o trabalho, já que não passa de algo mecânico (geralmente o aluno entrega a lista com as referencias bibliográficas que ele quer que constem no trabalho e que, ao meu ver, é a parte mais difícil, mas só apenas porque requer tempo) destinado ao recorta e cola. Um dinheirinho extra no final do mês é sempre bom e, convenhamos, um professor catedrático (porque são eles que fazem os trabalhos para serem vendidos) só tende a sair ganhando mesmo, porque no final das contas ele está recebendo para estudar, como uma espécie de bolsa. Há, por certo, um furo no sistema acadêmico. E, para ser honesta, eu mesma pondero a possibilidade de vender trabalhos acadêmicos. Se eu vou fazê-los? Não sei, são outros quinhentos... Não! Quinhentos é pouco! Quem sabe uns mil reais a cada 30 páginas. ___________
Leia mais em "Comércio de teses e dissertações atrai pós-graduandos", artigo plublicado na Folha Online por Bruno Garschagen.