A escolha do orientador

Dando seqüência ao meu projeto de elaborar, aqui, um pequeno guia de ingresso na pós-graduação é preciso deixar claro que tem duas coisas que são super importantes e que, ao mesmo tempo, são paradoxais. Enquanto uma diz respeito ao projeto de pesquisa, outra refere-se ao orientador. É paradoxal porque com o tempo você pode descobrir que tanto faz qual é o seu tema de pesquisa se o seu orientador é o fulano de tal, aquele cara super gabaritado etc e tal. Leia "A Tese do Coelho" que você vai sacar exatamente o que eu estou querendo dizer.

Ok, sendo assim note que a escolha do orientador não pode ser inocente. Ah! Antes que eu me esqueça de dizer, meu propósito aqui não é o de assustar mas de ajudar a entender o sistema. Alerto que eu tampouco consigo compreendê-lo em sua totalidade, mas sei que absorvê-lo - mesmo em partes - facilita bem o jogo. Quer dizer, se a gente tem por onde, é sempre bom tomar certos cuidados. Lembra-nos Demerval R. R. Cunha que, neste jogo, você ainda vai descobrir que existem vários tipos de orientadores:

- os que acham você inteligente mas não têm vagas;

- os que acham você inteligente mas não entendem seu projeto de pesquisa;

- os que acham você inteligente, seu projeto está bom mas não têm tempo de orientar ninguém (se vira!);

- os que acham você inteligente mas gostariam de orientar pessoas somente no seu universo de pesquisa (um professor de alemão não pode orientar, por exemplo, um projeto de oceanografia - se bem que têm lugares que até isso dá para negociar, incrível!);

- etc, etc, etc.

Mas a morte mesmo são aqueles orientadores aproveitadores que usam os esforços de seus orientandos para enriquecerem seus próprios currículos e desfilarem suas vaidades. Trabalho escravo mesmo e você, ao fazer o trabalho do seu orientador, serviria mais para burro de carga do que qualquer outra coisa. Tá, esse negócio de o orientando pesquisar e o orientador publicar é o tipo de coisa que ocorre mais na Iniciação Científica - onde o estudante está meio cru e ainda não entende bem como a coisa funciona - do que no mestrado e muito menos no doutorado. Mas também não é porque o orientando vai amadurencendo com o tempo (e deixando de ser lastimável, para não usar aqui a palavra burro) que esse tipo de coisa deixa de existir.

Está dando para entender? Diga-me com quem andas que te direi quem és! O quê? Você não tem nem idéia por onde começar a procurar seu orientador? Tá bom, nisso eu posso te ajudar. Entre na Plataforma Lattes (que é uma base de dados on-line onde todos os professores de pós-graduação stricto-sensu são obrigados a se cadastrarem), clique em buscar currículo e não se esqueça de selecionar apenas aquelas pessoas que já sejam doutoras (óbvio!). É legal porque dá até para você procurar um orientador por assunto se você tiver sorte. Isso mesmo, você precisará contar com a sorte e também vai precisar de uma baita paciência já que o sistema não é lá grande coisa em termos de busca por assunto, principalmente se esta comparação for feita com o google. Daí eu aconselho você esquecer porque, com certeza, você vai se estressar. Eu não disse que seria fácil!