Conversas de Botequins?

Quando eu passo pela cantina da faculdade, vejo que as pessoas se cutucam, entreolham-se e dizem: é ela. Depois de três anos, retornar tem um gostinho de volta por cima. Pelos corredores vou em passos maduros e com um leve sorriso matreiro. Vou incongruente ou, pelo menos, vou diferente de como eu ia em tempo de graduação ou mestrado. Sorrio para todos, converso com quem está disponível e nesse interesse desinteressado aproveito para ser um texto e criar um enigma. Conversas de botequim, como as que vejo ou as que escuto quando me dizem da minha vida acadêmica. Eu fico espantada com o tanto de gente que a acompanha:

"Eu soube que você entrou no doutorado, parabéns! Ah, e que você conseguiu bolsa do CNPq, que legal, em primeiro, né? Jóia. Seu currículo lattes, eu vi, muito bom mesmo, você merece a bolsa. Alguém me disse que você estava dando aula na universidade, de basquete, nossa, como você consegue dar aulas para 100 alunos ao mesmo tempo? Tem que ser muito competente. Que pena que você não conseguiu fazer doutorado lá em Santa Catarina, eu estava torcendo por você. Aquela que escreveu um texto com o prof. dr. Fulano de Tal era você, né? Você deve ter adorado participar do laboratório dele. Me conta, é mesmo tudo o que dizem? Você saiu mesmo com aquele professor? Pelo tempo que andam dizendo? Você está tão bonita! Nossa, fiquei sabendo da sua história da banca, eu também teria emputecido..."

E que vontade de olhar para uma pessoa desta e dizer: "seu moço, uma cachacinha por favor".