Minha doce vida de estudante...

Ontem eu estava arrumando meu armário e encontrei meus boletins escolares. Antes de começar, quero dizer que sempre fui uma aluna exemplar, ou seja, nunca repeti de ano o que foi muito bom. Na verdade eu desisti no segundo colegial com a desculpa de que não estava dando para conciliar os estudos com as atividades esportivas. Acabei completando a série no ano seguinte, em outra escola. Foi meio chato imaginar que eu já poderia estar no terceiro ano, e no terceiro ano foi mais chato ainda ver meus amigos indo para a faculdade.

Eu nunca tinha imaginado que algumas características poderiam seguir comigo por tanto tempo. Lá no jardim da infância (1981) a professora anotou um pouco de desatenção e um pouco de displicência (meu Deus, que palavra feia!). Tá, não é nada fácil manter a atenção na escola, sei que vocês vão concordar comigo, mas displicente, eu?, é quase uma injúria. Pelo menos eu gostaria que fosse. Então lá fui eu para pré-escola, acho que só para a professora anotar no meu histórico: "às vezes brinca isolada". Até hoje sou assim, me deixem quieta no meu canto quando eu suplicar por isso, depois passa e tudo bem.

Cheguei no 1º grau (1983) e eu passei a ser medida em valores, não mais em conceitos. Minha nota mais baixa: 8.0, em matemática. A mais alta: 9.8, em Educação Artística. No ano seguinte as notas caíram cerca de meio ponto, um pouquinho mais: 7.4 em Integração Social (talvez eu já quisesse que parte do mundo explodisse) e 9.0 em Educação Artística. Depois mantive os 9.0, mas dei uma escorregadinha no português: 7.0. Daí eu entendi o sistema e no outro ano estudei o suficiente para passar, com todas as notas beirando o 6.5, excessão feita aos 9.0 pontos em Educação Artística, sempre a nota mais alta e sempre me acompanhando com o passar dos anos. Por que eu fui fazer Educação Física? Taí, esta é mesmo uma boa pergunta!

Na média fui indo até a 7ª série, quando peguei meu primeiro exame. História. Passei, mas só depois de decorar (literalmente) o livro didático. No ano seguinte foram cinco matérias de exame: história e as novatas português, inglês, matemática e OSPB (que nem existe mais). Passei em todas! (Eu disse lá no começo que eu sempre fui uma ótima aluna - risos).

Enfim 1990, o primeiro ano do segundo grau e cinco matérias de exame: história (que eu ainda odeio), inglês (que eu ainda tento e não consigo), matemática (que eu adoro), física e biologia (que não fazem nenhuma diferença na minha vida). Passei em história e física, nas outras três fui aprovada pelo conselho de classe (ainda bem que existia um!), o que vem confirmar que, de verdade, eu sempre fui uma ótima aluna, ou, no mínimo não enchia a cabeça dos professores, o que foi perfeito.

Larguei o segundo ano (1991) para fazê-lo por inteiro no ano seguinte, numa escola mais fácil e onde minhas notas ganharam peso. Eu consegui fechar com A de matemática em todos os bimestres e meus novos amigos começaram a me pedir cola. Acho que foi aí que comecei a gostar de estudar, quando comecei a perceber que eu poderia dar certo também fora do esporte ou das aulas de desenho. Nem todo mundo tem a oportunidade de começar de novo. E eu tive mais um ano de barzinho (ops, cursinho) para entender isso. Lembram daquele exame de português? Se tranformou em uma excelente nota no vestibular da UNESP: 9,0.

Tá, eu sempre gostei de escrever, e sempre escrevi do meu jeito. Se as notas servem pra alguma coisa, sinceramente eu não sei. Sei que eu me dediquei na faculdade, e mesmo com muitas dificuldades em biologia, fisiologia, anatomia, cinesiologia, bioquímica consegui terminar o curso com média superior a 7.0, que era o fator que eles levavam em conta para Iniciação Científica e pedido de bolsas de estudo, na famosa análise do histórico escolar.

Esse é o jogo, e nesse jogo a gente pode jogar o suficiente para passar ou a gente se esforça para ser diferente, enfrentando todas as dificuldades latentes, tentando ser melhor do que a gente foi antes e fazendo de novo quando for preciso. Tudo isso só para a gente mostrar nosso valor, mostrar que estamos no jogo sim, e que estamos para vencer e não apenas para cumprir tabela.