Professor x Palestrante

Então tá. A partir desta data, anote, eu não serei mais professora. Desde já, quando alguém for me apresentar por aí, diga que sou palestrante. E escritora. Diga que eu, ex-professora universitária, ainda estarei lutando pelo Ensino Superior, ainda estarei acreditando que é com EDUCAÇÃO que se constrói um país de letrados, e que esta luta pelo analfabetismo funcional não é solução adequada. Precisamos de uma cultura de letramento. Precisamos que a grande massa populacional tenha gosto pela leitura, e saia de casa para comprar um bom jornal de notícias não tão massificante como a Folha, nem como o Estadão. Precisamos de uma cultura de letramento alternativa. Caros Amigos, Revista Piauí, Revista OCAS e tantas outras publicações inteligentes e não vendidas ao sistema que existem por aí e lutam para sobreviverem. É por isso que, a partir de hoje, eu não sou mais professora universitária. Eu sou palestrante, e escritora. Palestrante não por ideologismo, mas por necessidade. É que palestrante profissional recebe muito mais do que professor que se atreve a fazer palestra. E eu quero ter algumas regalias consumistas. Eu quero poder ter uma casa num bairro bacana, ter dinheiro para colocar meus filhos na melhor escola que eu acreditar existir e fazer depilação definitiva. E ser escritora não vai me dar isso. Vai me dar palestras. É que num pais de não letrados, escrever um livro é status. E mesmo que poucos se darão o trabalho de ler linhas que demoraram 1 ou dois anos para serem escritas, as tiragens de 500, 1000 ou 2000 exemplares me renderão palavras para serem ditas nos eventos de cá e acolá. Por isso que eu digo, a partir desta data, palestrante. E escritora. Artista plástica nas horas vagas.